domingo, 1 de junho de 2014

sustinho

eu já queria mesmo respirar a sua pele, deixar que entrasse em mim o cheiro do seu corpo, do seu cabelo, seu suor, suas pintas, seu cangote, ai que lindo é você, e que desajeito, que desconcerto, que atropelo meu afobamento tão pouco educado, a minha fala atravessada, minha conversa avacalhada, um palavrório exagerado, e que delícia nosso delicado desencaixe, esse desconhecer que meu desejo sorve, a sua barriga lisa escondida pela camisa, os seus pés compridos lá longe dos meus, o calor das cobertas o gelado do banho mal-secado, a sujeira do banco da frente do busão e da cadeira do buteco no vestido na sua cama, e essa pureza bruta e limpa da sua saliva, doçura em hálito de cerveja, ronquinho bêbado na minha orelha, e frios na barriga cuspidos em mim pelo seu riso forte, que delícia a manhã ensolarada em volta da sua casa em volta dos seus livros e das suas ideias lindas, que delícia de café e de pão com manteiga!
é quase um milagre, mas nem me pergunto se será que vai ter mais, eu aprendi de um jeito bem doído que não é isso o que importa quando a gente se encontra, e estou sentindo de um jeito gostoso que aprendi a coisa certa, ouvindo alguma palavra sua de repente durante o dia e tentando lembrar do cheiro que senti bem rapidinho mas que me deixou bem alegrinha, me satisfez enquanto houve. é isso, só, parece pouquinho e breve, mas inaugurou-me de novo as partes doces, e que bom, obrigada!

inês, que agora celebra o desejo e ri da própria espera.

Um comentário:

  1. Inêes!
    E seu eu disser que escrevi meu último post depois de ter lido este seu?
    Celebremos...!
    Agora vou ler os novos...

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