sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

vai lá, sabiá

o amor de verdade passou, e eu perdi o momento, voou. meu corpo se lembra, meus sonhos se lembram de um mergulho intenso e ao mesmo tempo leve, das coisas miúdas sendo construídas, do tempo brincando na nossa cabeça. mas eu não me lembro do rosto, da voz, do gosto, do nome... não sei onde houve, nem quando, nem quanto, mas sei que se foi, como um pássaro que cantasse "mas que pena, passou na janela, entrou da janela, voou pelo teto, pousou no lençol, e ela não viu, não quis, não soube ou não viu, e agora perdeu".
e aí, eu que entenda, a vida não faz castigo.
esse mundo de olhares perdidos, desejos egoístas, de medos e solidões, de usos dos outros, dos corpos, dos sonhos, esse tanto de nãos, de descaso, desinteresse, traição, ingratidão, desconsideração, desilusão, essa saudade fudida daquela confiança amorosa que passou e eu nem vi, nem lembro e perdi, tudo isso é pra sofrer bastante, bota uma pessoa sem rumo e sem chão.
eu que aprenda a notar a preciosidade das asinhas duma mariposinha qualquer, e abrir as janelas de novo. ser eu mesma a voar lá fora, que aqui dentro não para nunca mais de doer.

inês.

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