quarta-feira, 11 de abril de 2012

saudade é mato, com gosto de framboesa amarga.

não há terra do passado pra onde eu possa retornar. há só uma descida infinita e cada vez mais sem queridos da infância, cada vez menos certeza.
vou me sentindo mais forte, mas ao mesmo tempo tenho menos em quem confiar, e diante dessa esperteza toda da morte, quero abandonar os poucos que me restam pra assumir enfim a explosão da vida, o tamanho do mundo e a única chance possível de viver tudo.

... mas que existisse aqui mais desejo e paixão, um certo amor pelas coisas mais trabalhosas e delicadas, pra só assim não correr esse risco perturbador de um dia de repente sentir a falta de gestos e sensações já apagados e mortos de fome.
e preocupações com coisas sérias que não acompanharão nossos corpos seja lá pra onde forem, e desesperos por alívios quase doentios de tão vazios sufocam as coisas que mais valem a pena na vida.
que eu nem sei mais com tanta certeza assim se são realmente o barulho do mar, o conforto do sorriso e da voz de algumas pessoas, as lembranças secretas que afloram de vez em quando e alguns tipos de frutas, chás e perfumes.

inês.

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