quarta-feira, 4 de setembro de 2013

la cúmbia

um amor antigo - tão velho, amor!
nós dois, naquela árvore (nós dois na rua da árvore, caminhando à noite pela cidade da árvore, tão quase-na-árvore que era como se estivéssemos no seu tronco, nos galhos, entre as folhas lá no alto)

o que nos terá acontecido, que pra tão longe fomos?
(é o curso mesmo do mundo, o tempo-rei-de-tudo, o infinito...)
(é você que pensa demais, inês, é você que sente demais!)

hoje, compreendo meu privilégio (afora o malbendito mel que não me serve mais) de caminhar pelas ruas de qualquer cidade, à qualquer hora, só... pois já partilhamos nossas regalias numa noite iluminada na cidade-das-pedras-reluzentes-e-da-árvore. teríamos imaginado nosso segredo naquela noite?
não por acaso fui conhecer a cúmbia tão longe do seu atento saber (saber trazido de tão longe, tão com-amor cultivado, preparado pra encontrar miudamente os tambores, recife, a nigéria, qualquer parte da amazônia): pra mais tarde descobrir com esse delicioso espanto que ainda estamos aqui, e que já ouvimos coisas tão parecidas de partes dispersas de uma mesma sagrada-força.
o que terá sido? afora sopros de vida, luzes brotadas do mais interno-sagrado-fêmeo, pássaros cantando, pássaros voando como um canto da nossa terra, bastava escutar o vento atravessando árvores ocas, o debaixo-do-barro-do-chão.
(eu, que confio no dono das ruas e da noite, e no dono dos meus caminhos como se deles todos fosse filha)
(você, que tem fé e vem de longe, que tem olhos com histórias, que anda só, como um dos nossos muitos gêmeos perdidos-encontrados nas noites-cidades do mundo)
sempre estivemos por aqui, partes de uma coisa só, quase poeira de estrelas (e de folhas, de pássaros, conchas, instrumentos, restos de seres, pérolas, começos, barro.)

inês, na noite de algumas despedidas.

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