sábado, 23 de fevereiro de 2013

delicado. ou: para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem.

o anseio de não estar só não serve pra qualquer noite
noite em que me perco, disperso, entre abraços e sambas e perdões
(sambar é um modo lindo de perdoar a dor)
saudade é mato, mesmo
(sambar é um modo lindo de querer)

a cidade é um pátio
e logo o mundo é um pátio
desilusão é mato, mesmo
(vou-me embora pelo mar).

seres lindos parecem me querer
(me querer pra quê?)
e eu me deixo seduzir de leve, por olhares solares
toques, marcas, promessas
a saudade aperta, mas meus olhos estão cegos e preciso respirar.

quero marcação
surdão
e correr, com toda a força e velocidade do corpo
(fazer vento)
e parar e dançar
e rezar
e dançar
e chorar
e cantar os sambas compartilhados em roda com todo o ar dos meus pulmões, até que a alvorada nos expulse da rua e eu tenha que dormir.
dormir só
(só?)
não importa.

salve, cadência sagrada que nos redime e que me alimenta!
quando o mundo acabar, eu estarei no samba.

inês.

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