Bagunça, noites viradas naquele bar enlouquecedor de sempre, beijos em muitas pessoas, tudo junto e misturado, álcool. Dança e perfume de saxofonista apaixonante, coração meio esmigalhado, mas tudo bem.
(Vomitei no banheiro, nem foi porre, acho que estou doente, tomara que nada grave, e o garçom que me viu tomando ar na cozinha quando comecei a passar mal, uma coisa romântica passou pelos olhos e sorrisos de ambos, teve que limpar, que era o trabalho dele e eu tava sem forças. No dia seguinte, fui tocar lá com meu grupo e ele me abraçou durante muito tempo. Mundo louco.).
Um homem me disse que eu fosse no centro-espírita, e tirou um calor da minha cabeça com os dedos. Sinistro.
Beijos com gosto de cigarro no argentino lindo mas meio sujinho. Nem sei porque, tudo muito normal e sem desejo (noutra noite, no mesmo bar, encontrei-o com uma flautista baiana igualmente linda de morrer que eu já tinha conhecido na vida, e quando fui ao banheiro, ela entrou junto e lambeu a minha língua compulsivamente por 20 minutos). Segredo.
Dor e dor de ver Luiz Gabriel tão longe e tão perto, tão se achando o iluminado que resolve os problemas dos outros. Por um instante, num dia desses dentro do ônibus, quase quis me aproximar e abraçar ele todo, fazer carinho no cabelo de bolinhas. Mas a lembrança de que ambos já dissemos um ao outro o quanto somos desprezíveis desceu um gosto amargo que queimou fisicamente meu peito. Elegia.
Falando nisso, meu peito tem ardido frequentemente, e minhas amigdalas estão estranhas. Culpa da minha vida suja, diz minha mãe tão agressivamente e autodestrutivamente inconformada. Dor.
Grandes mudanças na vida, no ritmo que de repente perdeu toda a compaixão, e nas cores, cada vez mais noturnas.
Medo de não dar tempo de algumas coisas.
inês.
Fonte do Pinheiro
Há 4 meses