sábado, 10 de novembro de 2012

o cachorro uivando perdido no meio da neblina

neblina
na noite
filtro difusor de uma grande vitalidade estética da cidade, a imagem,
viva, semovente, povoada de mutabilidades devires tensões deslocamento
um jogo gigantesco, mais invisível que visível, morada de tantas nossas projeções, viagens, anseios, medos.
preciso sair e caminhar também na chuva no escuro, em meio a sabe-se-lá que tipo de ratos, feitiços, maldades...
bênçãos...
visões e olhares que escondo de deus que já me dou satisfeita por ter como minha vida inteira.
tá imbaçado...
mas a rua chama, suas concavidades vorazes, seus silêncios inesperados, seus vazios...
a rua, aberta, repleta de ímãs densos, irresistíveis como experiências alucinógenas-cinematográficas-geográficas-gráficas-místicas, suga a alma e aos poucos a carne, seca algumas coisas
inunda-nos de vazios e de universos

a neblina em qualquer selva
filtro difusor
máscara de ver menos e sentir mais.

inês

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