procura-se a poesia das coisas que não tem nomes fixos. de modo que se possa dizer eu te amo e permitir qualquer desvio semântico possível entre os envolvidos. de modo que querer alguém bem fundo seja algo aceitável, considerando-se os equívocos que rondam o querer.
se eu digo, por exemplo, a palavra "branca", que ela possa se desdobrar naquilo que me conecta com a espuma, e que esse desvio silencioso faça-me perder a propriedade da branquitude e transforme minha voz em quase-pura entrega.
não seja mais proibido sentir e compartilhar o que se sente mesmo que em forma de tropeços de reflexos de ecos de escuridão de nada.
e que o medo se transforme na piada da vez, e que a valentia seja o vento que carrega nossas mais preciosas sementes.
a melancolia se direcione pras últimas coisas das quais não se conhece ainda o fim.
e tudo aquilo que se transforma por essência seja exposto sem piedade.
o perdão tomando o lugar do medo, a liberdade tomando o lugar do desejo, e, como única possibilidade e última esperança, o eu se dissolva naquela fumaça que no fundo sempre foi.
estamos aqui reunidos até quando e pra quê?
inês.
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