domingo, 28 de julho de 2013

dores

não há retorno para aquela ingênua vida de desejos: quase tudo já morreu e o que restou foi um veneno amargo e o sufoco da solidão.
não creio que eu venha a ter quem cuide de mim como sempre cuidei de quem gosto, e nem eu mesma consigo amar meu próprio corpo, que envelhece acompanhando meus sonhos e tudo aquilo que nunca consegui ser.
penso em morrer, em ir embora pras ilhas, em fugir ou morrer, porque não tenho ninguém com quem trocar sinceros e verdadeiros cuidados, não moro perto do mar, e não vejo sentido em viver sem sentir a alegria que sempre carreguei quando ainda acreditava em alguma alegria de viver.
os alejados, os miseráveis, os desvalidos, os loucos, penso sempre neles... mas não consigo acreditar que me faltem desgraças pra que eu valorize a vida, porque afinal sempre achei tudo tão precioso e divino e lindo, e sempre tive tanta fé na vida e no mundo... que se agora tudo está tão inesperadamente sombrio... é porque talvez seja hora mesmo de desistir, pra mim.

inês.

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