neste dia e nesta noite silenciosos, me pareceu cristalino que não há como reconfortar ninguém sem ter realmente sofrido até perderem-se quase todas as esperanças. conheço uma solidão profunda que me acompanhará pra sempre, e ao mesmo tempo sei que uma parte de mim e do mundo sempre escutará a minha dor. um dia vou partir e nunca mais voltar, mas enquanto isso parto e reparto minha história através do meu trabalho e através da minha fé. é verdade que nunca se retorna ao mesmo lugar: não há passo pra trás, mas apenas recomeços. as saudades são verdadeiras joias doídas e maravilhosas que expandem meu coração e me fazem ver a cada dia mais longe, especialmente em dias e noites de silêncio como estes.
inês, que já se foi sem perceber.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
dores
não há retorno para aquela ingênua vida de desejos: quase tudo já morreu e o que restou foi um veneno amargo e o sufoco da solidão.
não creio que eu venha a ter quem cuide de mim como sempre cuidei de quem gosto, e nem eu mesma consigo amar meu próprio corpo, que envelhece acompanhando meus sonhos e tudo aquilo que nunca consegui ser.
penso em morrer, em ir embora pras ilhas, em fugir ou morrer, porque não tenho ninguém com quem trocar sinceros e verdadeiros cuidados, não moro perto do mar, e não vejo sentido em viver sem sentir a alegria que sempre carreguei quando ainda acreditava em alguma alegria de viver.
os alejados, os miseráveis, os desvalidos, os loucos, penso sempre neles... mas não consigo acreditar que me faltem desgraças pra que eu valorize a vida, porque afinal sempre achei tudo tão precioso e divino e lindo, e sempre tive tanta fé na vida e no mundo... que se agora tudo está tão inesperadamente sombrio... é porque talvez seja hora mesmo de desistir, pra mim.
inês.
não creio que eu venha a ter quem cuide de mim como sempre cuidei de quem gosto, e nem eu mesma consigo amar meu próprio corpo, que envelhece acompanhando meus sonhos e tudo aquilo que nunca consegui ser.
penso em morrer, em ir embora pras ilhas, em fugir ou morrer, porque não tenho ninguém com quem trocar sinceros e verdadeiros cuidados, não moro perto do mar, e não vejo sentido em viver sem sentir a alegria que sempre carreguei quando ainda acreditava em alguma alegria de viver.
os alejados, os miseráveis, os desvalidos, os loucos, penso sempre neles... mas não consigo acreditar que me faltem desgraças pra que eu valorize a vida, porque afinal sempre achei tudo tão precioso e divino e lindo, e sempre tive tanta fé na vida e no mundo... que se agora tudo está tão inesperadamente sombrio... é porque talvez seja hora mesmo de desistir, pra mim.
inês.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
vi
saudade
como dói fundo
fundo
fundo
tão fundo e tão doído!
como posso, em um dia, explodir de chorar e explodir em riso
riso com lágrimas e a boca cheia
olhos
maiores que a cara
luzes e energia sem fim
sede, amor, suor, desejo, açúcar, saudade!
como podem ter cabido tantos homens tão enormes, tantos deuses fortes com suas paixões transatlânticas
tantas falas, de lugares tão longe
quanta saudade eles me trazem, assim logo tão cedo!
quanta saudade, assim, de tudo - com quase tudo tão recente e perto e vivo
e tanto riso!
como dói fundo, e como dói tudo!
não consigo dormir, porque dói, e porque, nem acredito, mas é como se tivesse muito pra rir e pra chorar ainda hoje.
inês, doce, na sua cidade preferida da infância.
como dói fundo
fundo
fundo
tão fundo e tão doído!
como posso, em um dia, explodir de chorar e explodir em riso
riso com lágrimas e a boca cheia
olhos
maiores que a cara
luzes e energia sem fim
sede, amor, suor, desejo, açúcar, saudade!
como podem ter cabido tantos homens tão enormes, tantos deuses fortes com suas paixões transatlânticas
tantas falas, de lugares tão longe
quanta saudade eles me trazem, assim logo tão cedo!
quanta saudade, assim, de tudo - com quase tudo tão recente e perto e vivo
e tanto riso!
como dói fundo, e como dói tudo!
não consigo dormir, porque dói, e porque, nem acredito, mas é como se tivesse muito pra rir e pra chorar ainda hoje.
inês, doce, na sua cidade preferida da infância.
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