irmão mais novo, ausência doída que muitas vezes quase escrevo. o que fazer com ele, que, antes tão jovem, tão alegre, hoje computador, desemprego, solidão, frustração, mediocridade sem volta, desinteresse pela vida, mulheres fúteis que nem ele mais suporta, classe média, provável maconha sem sentido, pressão da pressão da pressão, diploma guardado, nomes pesados, sermões, mágoas que suporta no coração ainda tão jovem e já tão entupido com gordura e ressentimento, depressão, completo torpor, provável medo, afastamento do mundo, falsa e desesperadora incapacidade, improdutividade e passividade absolutas, a vida passando.
que sensação terrível é essa acumulando-se há algum tempo e tornando tudo tão mais escuro e sufocante e triste?
deus não permita que esta casa caia nessa perdição, ou são muitos os corações que se perderão para sempre...
inês
quarta-feira, 27 de abril de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
libéralité, ou: bruta flor do querer
só em casa, no meu quarto na minha cama fumando um baseado bem feliz escutando raul de souza meu deus que coisa maravilhosa.
pensando nas coisas.
vou estudar daqui a pouco é uma delícia (não vou estudar instrumento, mas também seria bom se eu estivesse na vibe).
vou daqui a pouco viajar com uma mulher, ela parece uma fada de cabelos curtinhos comendo manga de vestido branco no meio de um bosque ensolarado. e a gente briga, já, as duas, e parece que as brigas só dão mais tesão espero que este instante dure bastante... hum, vou comer uma fruta. vou pra rede.
inês, bem viva.
pensando nas coisas.
vou estudar daqui a pouco é uma delícia (não vou estudar instrumento, mas também seria bom se eu estivesse na vibe).
vou daqui a pouco viajar com uma mulher, ela parece uma fada de cabelos curtinhos comendo manga de vestido branco no meio de um bosque ensolarado. e a gente briga, já, as duas, e parece que as brigas só dão mais tesão espero que este instante dure bastante... hum, vou comer uma fruta. vou pra rede.
inês, bem viva.
terça-feira, 5 de abril de 2011
ser-pele
cá está minha boca cheia (de cansaços e de quereres), e meus ouvidos à espera da costa do marfim (meus olhos ainda esperam o mundo inteiro), e os cheiros que estão na minha memória mal cedem espaço pros outros que aparecem.
sou toda tato, a serviço de leis que os homens de cá e de hoje desconhecem.
(porque é minha língua que toca o gosto, meu tímpano e cóclea e cílios e cérebro lambem o som apertam tocam esfregam ou resvalam, e meus olhos saem daqui e passeiam pelo dias - ou pela escuridão - deitando-se sob as mangueiras do mundo ou beijando o espelho.
o cheiro das coisas entra em mim sem limites pra tatear tudo o que sou e que fui, e às vezes queda-se na pele de dentro, nas peles dos meus duplos eus, ou mesmo nos pequenos pedaços de mim que se dão constantemente aos outros, e nunca mais desapega.)
algumas coisas passam por mim pra me abrir mais poros, superfícies permeáveis e infinitamente táteis, e não há tristeza ou alegria que me protejam do toque eterno lindo e dolorido entre o mundo e eu.
inês.
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