quarta-feira, 8 de maio de 2013

bênção

as coisas não se separam, elas se desdobram: expandem-se, escondem-se, não faltam, mas sobram. em todo silêncio há sopro, em todo ruído há força. os Outros caçam-se e cantam-se, dançam até que hoje seja ontem, até que esta noite seja (a)manhã. entramos, divíduos, no mundo das luzes (pensando serem sombras o que o olhar externo não vê). abrimos o corpo ao fecharmos os olhos, abrimos os poros cantando com fé. o Outro é o que nos alimenta, o Outro alimentamos. nossa fome é do Tudo, aquele que está em cada. a cada dia, cada passagem permanente. não temos lugar, somos o lugar infinito de todos os tempos, mundos simultâneos de agora e sempre.

inês.

domingo, 5 de maio de 2013

eu nada sei

estou tão longe - mas perto
estou por fora, mas lá dentro
um pássaro voa, e com ele minhas lentidões
meus sabores preferidos
meu passado.

faz frio, e é tão frio o frio
silêncio e som se abraçam.
(finda a noite veloz, e folhas caíram, vigiadas por deuses e amadas por pássaros)

aqui dentro bate um coração quente - afogado entrefolhas (des)conhecidas
quero um amor que já existe, e nem sabe ainda como nascer ou nasceu
(enquanto corremos as árvores nos devoram mesmo).

quero seu desejo ao infinito, ainda que tudo seque no frio e reste apenas aquilo que não seca.

estou aqui ainda, foradentro
engulo o quente enquanto o frio me engole
e o quente engole o frio
e nunca mais estou só.

(quero seu amor aqui dentro)

inês.

Minha lista de blogs