terça-feira, 29 de março de 2011

bilhetinho

não sabes ainda... mas danças em mim desde aquele instantezinho de ontem à noite em que nossas peles se chocaram. devo confessar que desde sempre tive predisposição a te amar, mesmo antes de ver de tão perto sua alma açucarada e dançarina, mesmo antes de me permitir imaginar tão pouco espaço entre a gente. tens algo de moderno, de artista, de outros planetas e de goiabeiras e riachos e porteiras. tens um viço e uma beleza que adormecem certas partes do mundo. tens fome e delicadeza (e por enquanto tens a mim). vamos assistir a um filme? vamos fumar um baseado, dançar bolero, tomar uma cachaça ou suco refrescante? vamos pra cachoeira vamos pra praia vamos ficar pelados? vamos ter um filho? vamos pra recife?

eu te amo.

sábado, 26 de março de 2011

prece

frio metálico com calor de fornalhas - frustração de me ver no círculo vicioso da agressão
quase tudo é amargo e tem gosto de sangue
só o amor me libertaria agora, só dele não desisti
ou quem sabe a guerra, amarga, metálica
quem sabe qual dor de liberdadentrega.

estou preocupada com o completo sumiço das borboletas e com o movimento messiânico dos grilos sapos pássaros rumo à terra sem mal. o livre arbítrio agora me assusta. a dança dos astros e a sálvia e a noite.

bela boneca de piche, sê feliz! te devoro em sonhos. mas o cigarro me assusta. (o fim. que a propósito já existe desde sempre.)

deus acompanha meus currículos. e que meu coração volte a querer alguém.


amém.

domingo, 6 de março de 2011

estação infinita da lama com brocal

há carnes deliciosas excitando baterias ensurdecedoras no meu corpo
(na cama que escolherei?)
e crianças musicais transformando latinhas em futebol.

e bêbados,
como há sempre
e guardas.

(há becos
protegidos pela guarda municipal
e isolamentos da rede globo e da polícia.)

há cachaça boa
lá da região de salinas
há pó.
e sonhos e lantejoulas e sapatilhas.

há, como sempre, humildade e brodagem além dos racismos
além de muito suor e sereno.
há a vibração da mãe áfrica
a libertação de todos os gozos ancestrais.

mas aqui nada tão negro tão forte tão brilhante tão fluido tão comovente e vibrante quanto o carnaval do meu tão longe recife enchendo os mangues as ruas as casas as portas os olhos
os corpos dos que se entregam aos deuses do amor e da guerra

(e abandonam suas almas
entre a boiada lírica da quarta feira de cinzas na rua da boa hora).

inês.

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